De onde surgiu a lenda de que as cegonhas “trazem os bebês”?

Confira o motivo pelo qual essa linda ave foi escolhida para ser a protetora e mensageira dos pequenos.

Você com certeza já ouviu essa história: uma mágica e majestosa cegonha sobrevoa a cidade com um embrulho de lençol em seu bico. Dentro dele, um presente para lá de especial: um bebezinho, pronto para ser entregue para um casal feliz.

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Ao questionar de onde vêm os bebês, seja na infância ou já na fase adulta, é fato que a maioria teve esse mesmo mito recontado. Considerada uma história muito popular, essa era a opção perfeita para contar para crianças curiosas e preservar a magia do nascimento.

Mas de onde essa lenda teria surgido? E por que a cegonha foi o animal escolhido para trazer os bebês? Entenda melhor os detalhes por trás desse lindo mito abaixo.

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Por que falamos que as cegonhas trazem os bebês?

A ideia de que as cegonhas seriam os animais designados para trazer os bebês para seus lares foi originada na Alemanha, muitos séculos atrás.

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Ela partiu de um conto de Hans Christian Andersen, famoso escritor responsável por clássicos como Patinho Feio, Soldadinho de Chumbo, A Pequena Sereia e muitos outros que continuam sendo replicados nos mais diversos tipos de mídia.

No século XIX, Andersen teria escrito a história “As Cegonhas”, um pequeno conto sobre animais que voam sobre um vilarejo quando são provocadas por um garoto com uma canção. Como vingança, anos depois, as cegonhas deixam um bebê morto na casa da família dele.

Na versão do escritor, os animais tiram os bebês de uma lagoa, entregando-os às famílias que têm bons filhos. Um dos garotos da história, inclusive, ganha um irmão por ter criticado o amigo levado que caçoava das cegonhas.

Uma outra versão também envolve achar os recém-nascidos em cavernas chamadas Adeborsteines, algo que pode ser traduzido para “rocha da cegonha”.

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Essa história foi difundida com tanto sucesso por conta da necessidade dos adultos de oferecerem uma resposta mais palatável quando questionadas pelas crianças a respeito de sua concepção.

Especialmente em épocas como a de Hans Christian Andersen, a reprodução era um tabu. Até mesmo hoje, antes de ter conversas mais realistas com os filhos, a natureza curiosa dos pequenos exigem uma explicação mais lúdica: a cegonha serve para esse fim.

A escolha da ave

Mesmo com toda a mitologia que circula ao redor da existência da cegonha, sua escolha para o conto dos bebês gira em torno de mais motivos.

Para começar, ela é considerada uma ave dócil e protetora. Afinal, cegonhas mais jovens costumam dedicar uma atenção especial às mais velhas ou doentes.

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Tanto que na Roma Antiga, foi criada uma lei que incentivava as crianças a cuidarem dos idosos em suas famílias a partir desse comportamento. Essa é a Lex Ciconaria, ou lei da cegonha.

Outro motivo é que as cegonhas costumam fazer seus ninhos ao lado das chaminés das casas, voltando sempre ao mesmo lugar para pôr seus ovos e cuidar dos filhotes.

O comportamento das aves dá outra pista para sua associação com o nascimento dos bebês. Por ser um pássaro migratória, a cegonha branca voaria para o sul no outono, retornando para a Europa nove meses depois.

Geralmente, os animais eram vistos em direção ao norte entre os meses de março e abril: bebês que nascem nessa época costumam ser concebidos por volta de junho. Considerado um mês popular para casamentos, no paganismo, ele é muito associado à fertilidade.

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Assim, como muitos casamentos aconteceriam nessa época, muitos bebês também nasceriam durante a temporada em que as aves seriam vistas voando para o norte. Vem daí a conexão.

As cegonhas na mitologia

As cegonhas são animais relacionados aos bebês e à concepção das famílias há milênios.

Na mitologia grega, esse grande protetor estava relacionado a Hera, deusa do casamento e nascimento e esposa de Zeus. Em um de seus contos, ao transformar uma rival em uma cegonha, ela então tentou roubar seu filho.

Já na mitologia egípcia, a alma de um indivíduo era representado pelo animal: chamado de Ba, esse era um dos principais aspectos da personalidade de uma pessoa, assim como o Ka (duplo) e Akh (espírito).

Nesse sentido, a volta de uma cegonha representava o retorno da alma, ou o momento em que alguém poderia ser reanimado.

Por sua vez, na chinesa, uma ave semelhante à cegonha é considerada sagrada: a Fenghuang é um dos pássaros mitológicos que simbolizam grandes ciclos da natureza. No geral, seu impacto na cultura e no folclore humano é grandioso.

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