Dar um tapinha no ombro de alguém é um gesto frequente no dia a dia que pode ter vários significados. A psicologia analisa esse comportamento considerando fatores como a relação entre as pessoas e a situação em que ocorre.
Esse tipo de toque pode transmitir diferentes mensagens, desde apoio até hierarquia. Dito isso, confira as possíveis interpretações por trás desse gesto, segundo diferentes estudos:
1. Apoio emocional
Um tapinha no ombro pode ser um gesto reconfortante ou de apoio emocional, especialmente em situações de estresse ou tristeza.
Segundo um estudo publicado no periódico “Hormones and Behavior“, o toque social ativa mecanismos neurais que reduzem a tensão emocional, funcionando como um amortecedor do estresse.
Esse tipo de contato físico libera ocitocina, hormônio associado ao bem-estar e à vinculação social. A pesquisa revela que comportamentos reconfortantes — como o toque suave — são comuns em várias espécies, incluindo os humanos.
Quando alguém está angustiado, um tapinha no ombro pode transmitir apoio e alívio, reforçando laços sociais. Essa interação cria um ciclo de feedback positivo, onde o conforto reduz a angústia e fortalece a conexão entre as pessoas.
Além disso, a pesquisa destaca que o toque afiliativo ativa áreas cerebrais ligadas ao alívio do estresse, como a amígdala e o córtex cingulado anterior (CCA).
Isso explica por que gestos simples, como um tapinha no ombro, podem ter um efeito calmante significativo, mesmo sem palavras.
2. Encorajamento
Um tapinha no ombro pode funcionar como um gesto de incentivo, aumentando a confiança e a disposição para assumir riscos.
Um estudo publicado na “Psychological Science” aponta que um toque breve e reconfortante eleva a sensação de segurança, levando as pessoas a se arriscarem mais.
A pesquisa demonstrou que participantes que receberam esse tipo de contato físico mostraram maior propensão a tomar decisões financeiras arriscadas.
Os pesquisadores realizaram três experimentos, observando que o efeito era mais forte quando o toque vinha de uma mulher e era sutil (como um tapinha no ombro), em vez de um aperto de mão formal.
O experimento sugere que gestos afetivos e breves transmitem apoio de maneira mais eficaz, ativando uma resposta psicológica de segurança.
3. Afeto e apreciação
Um tapinha no ombro pode expressar afeto ou reconhecimento, funcionando como uma forma silenciosa de carinho ou gratidão. Esse tipo de toque é frequentemente motivado por sentimentos positivos e é mais comum em relações próximas.
Um estudo divulgado na “Personality and Social Psychology Bulletin” analisou como pessoas de diferentes culturas (alemães e chineses) percebem o toque, revelando que ombros e braços são áreas onde o contato é geralmente bem recebido como gesto afetuoso.
Os resultados mostraram que, tanto para quem toca quanto para quem é tocado, esse tipo de interação está associado a emoções positivas, como apreço e conexão.
Contudo, os tocadores tendem a interpretar o gesto de maneira mais afetiva do que os receptores, sugerindo que a intenção por trás do toque nem sempre é totalmente compreendida.
4. Dominância
Um tapinha no ombro pode transmitir hierarquia ou dominação em situações de rivalidade, conforme uma pesquisa na “Social Influence“. O estudo revelou que, em contextos competitivos, esse gesto — mesmo quando aparentemente amigável — reduz a cooperação.
Participantes que receberam tapinhas de um oponente após uma competição compartilharam menos recursos no “Jogo do Ditador” (um jogo simples em que o participante escolhia quantos créditos de prêmios de filmes compartilhar com seu parceiro), sugerindo que o toque foi inconscientemente interpretado como um sinal de superioridade.
Curiosamente, o efeito mudava em cenários cooperativos: quando o toque ocorria após trabalho em equipe, os participantes ficavam mais generosos. Isso mostra que a intenção por trás do gesto é menos relevante do que a dinâmica social em que ele acontece.
Os próprios participantes não percebiam o toque como negativo, mas seu comportamento revelava uma reação adversa à sutileza da dominação física.