A Academia Brasileira de Letras (ABL) incluiu a palavra “cyberpunk” no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP). O reconhecimento oficial ocorreu após a constatação de seu uso frequente e generalizado no cotidiano dos falantes.
Fundada no Rio de Janeiro em 20 de julho de 1897, a ABL é uma das instituições mais prestigiadas da língua portuguesa, contando com 40 membros perpétuos, conhecidos como “imortais”, e 20 sócios estrangeiros.
O que significa “cyberpunk”?
Cyberpunk é um subgênero da ficção científica que se distingue por uma visão distópica do futuro, em contraste com as ideias otimistas de outros gêneros.
Sua essência está na crítica ao capitalismo desenfreado, na dominância das grandes corporações sobre os indivíduos e na crescente dependência do ser humano em relação às máquinas.
Essa relação complexa com a tecnologia permite que as pessoas transcendam seus limites, mas também as dessensibiliza e as separa.
No universo cyberpunk, a alta tecnologia e a miséria coexistem, com computadores e inteligências artificiais avançadas contrastando com uma humanidade que definha moralmente e socialmente.
Origem da palavra
O termo “cyberpunk” foi cunhado pelo escritor Bruce Bethke em 1980 e posteriormente utilizado para nomear um conto publicado em 1983.
Essa nomenclatura foi rapidamente adotada pelos fãs do gênero, aplicando-se aos trabalhos de escritores como William Gibson, Bruce Sterling e Michael Swanwick.
Embora o cyberpunk tenha ganhado popularidade na década de 1980, suas raízes podem ser rastreadas até os anos 1960, com obras pioneiras como “A Fundação” de Isaac Asimov e “Androides Sonham com Ovelhas Elétricas?” de Philip K. Dick, que começaram a moldar o estilo.
As narrativas desse estilo geralmente se desenrolam em grandes metrópoles futuristas, que, à primeira vista, são vibrantes e iluminadas por néons, mas que, em um olhar mais atento, estão corroídas pela pobreza e pelo crime.
A corrupção está presente em todos os níveis, e apenas os mais fortes, inteligentes ou cínicos conseguem prosperar.
Essas histórias frequentemente abordam temas de alienação, vigilância tecnológica e a luta pela identidade e liberdade individual em um mundo dominado pela tecnologia.
Obras do gênero cyberpunk
Neuromancer
Escrito por William Gibson em 1984, o livro acompanha Case, um ex-hacker que, após ser envenenado, é forçado a trabalhar para uma nova organização criminosa em troca de uma chance de recuperar sua habilidade de se conectar às redes neurais.
Syndicate
Um game de estratégia tática lançado em 1993, ambientado em um futuro onde grandes corporações dominam tudo.
O jogador controla uma equipe de ciborgues assassinos a serviço de um conglomerado comercial, enfrentando polícia e agentes de outras corporações.
Snatcher
Criado por Hideo Kojima, este jogo segue Gillian Seed, um agente especial encarregado de caçar e destruir Snatchers, criaturas cibernéticas que se passam por humanos.
Blade Runner, O Caçador de Androides
Lançado em 1982 e dirigido por Ridley Scott, o filme conta a história de Rick Deckard, um caçador de replicantes, enquanto ele confronta questões sobre a natureza da humanidade e sua própria capacidade de amar.
Deus Ex
Uma série de jogos que exemplifica a estética cyberpunk, com protagonistas ciborgues que lutam contra a opressão das megaempresas.
O mais recente título, “Deus Ex: Mankind Divided”, explora um mundo segregado entre humanos normais e aprimorados mecanicamente.