Crase: aprenda a usar esse acento e não erre mais

A crase é um recurso linguístico importante na língua portuguesa, mas que gera muitas dúvidas. Compreender suas regras de uso e praticar regularmente são essenciais para evitar erros.

Amada por uns e odiada por outros, a crase é uma das regras da Língua Portuguesa que é frequentemente cobrada em provas de concursos públicos. Esse acento grave temido costuma causar confusão nos concurseiros e estudantes na hora de redigir a redação. Originário do grego krasis, o termo carrega o significado de fusão ou união de sons idênticos.

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Em nosso idioma, essa mescla ocorre exclusivamente com o som vocálico "a". Para assinalar essa ocorrência, utilizamos o acento grave (`), que é, portanto, o indicador de crase e só pode ser empregado nessa situação específica. Se você quer aprender de vez como usá-la sem medo, continue lendo a seguir.

Quando usar a crase?

A ocorrência da crase depende de dois fatores distintos:

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  • A regência de um verbo ou nome que demande a preposição "a" ou "para".
  • O complemento desse verbo ou nome permitir a presença do artigo feminino definido "a" ou "as".

Por exemplo, com o verbo "ir" e um complemento feminino:
Eu vou a + a escola.
Há uma fusão de "a" (preposição exigida pelo verbo) + "a" (artigo feminino aceito pelo substantivo "escola"), resultando em "Vou à escola".

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Principais regras de uso da crase

1. Antes de palavras femininas em frases formadas por substantivos, adjetivos e verbos regentes da preposição "a"

Exemplo: Ele vai à festa.
(Festa - substantivo feminino, Ir - verbo que rege a preposição "a").

Outras expressões adverbiais que levam crase:

  • Ela gosta de ler à noite.
  • Vamos nos encontrar à tarde.
  • Fique à vontade para escolher o que desejar.
  • Caminhamos à beira do rio.
  • Ele estava caminhando pela cidade à toa.

2. Expressões adverbiais femininas

Em alguns casos, a crase deve ser usada para evitar ambiguidade.
Exemplo: O rapaz estuda à distância.
(À distância - formato de estudo e não a medida de separação entre dois pontos).

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3. Lugares

O uso da crase antes de lugares depende de dois pontos:

  1. O verbo "ir" sempre exige a preposição "a" antes do lugar.
  2. Se o nome do lugar vier precedido do artigo "a", a crase é obrigatória; caso contrário, não ocorre crase.

Exemplos:

  • Vou à Colômbia. (Vim da Colômbia. Estou na Colômbia.)
  • Cheguei à Bahia. (Vim da Bahia. Estou na Bahia.)
  • Retornarei à Alemanha. (Vim da Alemanha. Estou na Alemanha)
  • Vou a Fortaleza. (Vim de Fortaleza. Estou em Fortaleza.)
  • Cheguei a Salvador. (Vim de Salvador. Estou em Salvador.)
  • Retornarei a Macapá. (Vim de Macapá. Estou em Macapá.)

4. Horas

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O uso da crase é obrigatório em expressões que indicam as horas.
Exemplo: Trabalhamos das oito às cinco.

Contudo, a regra não se aplica diante de frases que levam preposição (com exceção de 'até').

Exemplos:

  • Retornaremos após as 14h.
  • Eles estão aqui desde as 22h.

Quando não usar a crase?

Há situações em que a crase não deve ser utilizada:

1. Antes de substantivos masculinos ou no plural:
Ex.: Andar a cavalo.
Vendeu a prazo.

2. Antes de verbo:
Ex.: Começou a ventar.
Ficou a observar a paisagem.

3. Antes de artigo indefinido:
Ex.: Levou o automóvel a um posto de combustível.

4. Antes de pronomes pessoais, demonstrativos ou indefinidos:
Ex.: Dei a ele minhas condolências.
Refiro-me a este rapaz.

5. Antes de expressão de tratamento que inicia por "Sua" ou "Vossa":
Ex.: Trouxe a V. Sa. o ofício esperado.

6. Quando o "a" estiver no singular e a palavra seguinte no plural:
Ex.: Refiro-me a lendas urbanas assustadoras.

7. Depois de preposições:
Ex.: Compareceu perante a banca examinadora.
A formatura foi marcada para as dezoito horas.

Dicas adicionais

Para saber quando usar a crase, podemos substituir a palavra feminina por uma masculina, e três possibilidades podem surgir:

O "a" transforma-se em "o" (não há ocorrência de crase)
Exemplo: Releu a revista.
Releu o gibi.

O "a" permanece inalterado (não há ocorrência de crase)
Exemplo: Eles estavam cara a cara.
Eles andavam lado a lado.

O "a" transforma-se em "ao" (há ocorrência de crase)
Exemplo: Refiro-me à menina.
Refiro-me ao menino.

Nessa situação, ocorre a fusão; portanto, temos a crase e o acento grave é indispensável:
Refiro-me à menina.

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