Você já imaginou poder dormir com um olho aberto e outro fechado? Surpreendentemente, alguns animais conseguem fazer isso. Esse fenômeno é chamado de sono uni-hemisférico.
Aves e mamíferos aquáticos conseguem repousar com apenas um hemisfério cerebral, ou seja, enquanto um lado do cérebro está adormecido, o outro permanece acordado e ativo.
Assim, eles podem controlar o ambiente e reagir rapidamente a ameaças sem perder o descanso. Veja alguns exemplos a seguir.
3 animais que conseguem dormir com um olho aberto
1. Crocodilo
Uma pesquisa sobre o comportamento de sono dos crocodilos revelou que esses animais possuem a habilidade de dormir com um olho aberto, o que permite que permaneçam vigilantes contra possíveis ameaças.
O estudo, conduzido por John Lesku e colegas da Universidade La Trobe e do Instituto Max Planck de Ornitologia, observou crocodilos jovens em diferentes contextos.
A equipe notou que, embora normalmente durmam com ambos os olhos fechados, há momentos em que abrem um olho, especialmente quando outro crocodilo é introduzido em seu ambiente.
Esse comportamento é interpretado como uma estratégia de vigilância. Os resultados indicam que os crocodilos podem manter um estado de alerta semelhante ao observado em golfinhos e outras espécies que dormem uni-hemisfericamente.
2. Golfinhos
Um estudo publicado na revista PLOS ONE investigou o sono dos golfinhos e descobriu que eles também conseguem dormir com metade do cérebro por vez.
Isso permite que estes animais se mantenham alertas por períodos prolongados, chegando a pelo menos 15 dias consecutivos.
Durante esse estado, os golfinhos conseguem manter uma alta precisão na ecolocalização para navegar e identificar objetos em seu entorno.
A pesquisa observou um macho e uma fêmea, que demonstraram não apresentar sinais de cansaço nos primeiros cinco dias, e a fêmea continuou a realizar tarefas adicionais pelo período total de 15 dias.
A investigação foi interrompida após esse período, sugerindo a possibilidade de que os golfinhos pudessem manter essa funcionalidade por um tempo ainda mais extenso sem descanso completo.
Os cientistas acreditam que o sono uni-hemisférico evoluiu como uma adaptação que permite aos golfinhos respirar na superfície enquanto descansam.
3. Aves
Por fim, as aves, assim como os outros animais dessa lista, dormem com um olho aberto. Neste caso, acredita-se que o sono uni-hemisférico auxilie na fuga de predadores e na realização de migrações longas sem interrupções para descanso.
Pesquisas realizadas pela Universidade de Bangor sobre ostraceiros mostraram que a atividade humana e a presença de predadores influenciam a frequência e a duração do sono uni-hemisférico.
Essas aves mantinham os olhos abertos por mais tempo quando humanos ou cães se aproximavam, e menos frequentemente quando barcos passavam, sugerindo uma percepção de ameaça menor.
Na mesma linha, um estudo da Universidade de Pádua revelou que a capacidade de dormir com um olho aberto é inata nas aves, e que a exposição à luz durante a incubação pode influenciar qual olho elas tendem a manter aberto após o nascimento.
No experimento, a equipe incubou dois grupos de 12 pintinhos domésticos. Durante a incubação, um grupo foi exposto à luz, enquanto o outro foi mantido no escuro.
Observando os pintinhos que foram incubados em condições de luz, eles descobriram que nos primeiros dias após a eclosão, os pintinhos tendiam a dormir mais com o olho direito aberto — o mesmo olho que foi exposto à luz durante a incubação.
Porém, os pintinhos incubados no escuro dormiam com o olho esquerdo aberto com mais frequência depois de eclodidos.
A diferença não durou muito; após 5 dias, tanto os pintinhos incubados no claro quanto no escuro tiveram preferência por dormir com o olho esquerdo aberto.
E com o tempo, a preferência mudou novamente. A equipe acredita que isso se deve ao fato de o filhote se sentir ameaçado e evocar uma reação antipredatória.
Assim, o conjunto de pesquisas em torno dos padrões de sono uni-hemisféricos das aves tem implicações mais amplas para a importância do sono em geral.
Por exemplo, essa estratégia pode explicar por que os humanos muitas vezes dormem mal em ambientes desconhecidos, conforme sugerem outras investigações.