Censo: a cidade com maior proporção de pessoas sem religião

A parcela de pessoas sem religião no Brasil cresceu para 9,3% da população, consolidando-se como o terceiro maior grupo, atrás apenas de católicos e evangélicos.

Novos dados do Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que um município de apenas 6 mil moradores, localizado no extremo sul do Brasil, apresentou a maior proporção de pessoas sem religião no país.

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O levantamento aponta que os sem religião já representam 9,3% da população brasileira, um crescimento de 1,3 ponto percentual em relação ao último censo, consolidando-se como o terceiro maior grupo, atrás apenas de católicos (56,7%) e evangélicos (26,9%).

Com predominância de homens (56,2%) e jovens entre 20 e 24 anos, esse perfil demográfico reflete uma mudança no cenário religioso nacional, marcado pela redução de católicos e pelo avanço de outras crenças, incluindo espíritas, umbandistas e seguidores de religiões afro-brasileiras.

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Qual é a cidade com maior proporção de pessoas sem religião?

Qual é a porcentagem dos que se declaram sem religião, como são chamadas as pessoas que não têm religião, em que cidade fica a maior religião do Brasil.

O Censo 2022 do IBGE apontou que Chuí, no extremo sul do Brasil, tem a maior proporção de moradores sem religião do país. Foto: Reprodução / Pixabay

O Chuí, no Rio Grande do Sul, é a cidade com a maior porcentagem de moradores sem filiação religiosa do país, segundo o Censo 2022. O índice chega a 37,8% entre os residentes com 10 anos ou mais, repetindo a liderança observada no Censo 2010.

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O município surgiu em uma região disputada por Portugal e Espanha entre os séculos XVIII e XIX. Os portugueses instalaram ali um posto militar estratégico às margens do Arroio Chuí, que serviu como base para o povoamento da área.

Apesar do Tratado de Santo Ildefonso (1777) prever que os Campos Neutrais não fossem ocupados, Portugal concedeu terras a seus oficiais. Conflitos continuaram até o Tratado de 1851, que garantiu ao Brasil a posse do território.

O povoado se desenvolveu em torno do posto militar e foi integrado a Santa Vitória do Palmar em 1874. Ao longo do século XX, cresceu com base no comércio e na integração com o Chuy uruguaio, conquistando sua emancipação em 1995.

Antes disso, recebeu uma expressiva imigração de palestinos após a Nakba, em 1948. Essa convivência multicultural transformou o local em uma das cidades mais internacionais do Brasil, com cerca de 40% da população formada por estrangeiros.

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Qual é o município com mais espíritas?

Palmelo, no interior de Goiás, é a cidade mais espírita do Brasil, conforme o Censo 2022. Com apenas 2.259 habitantes, cerca de 42,6% da população se declara espírita, superando todas as outras crenças no município.

Esse dado singular se explica pela origem da cidade: ela nasceu em torno do Centro Espírita Luz da Verdade, fundado em 1929 na então fazenda Palmela.

Em uma época de forte preconceito contra o espiritismo, o centro passou a reunir cada vez mais adeptos, até que, em 1953, o local foi emancipado como município, mantendo viva a sua essência espiritualista.

Visitantes de diversas regiões buscam o município em busca de cura e bem-estar, o que reforça seu status como referência nacional do espiritismo.

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E a cidade com mais adeptos às religiões de matriz africana?

De acordo com o Censo 2022, Viamão, na região metropolitana de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, destaca-se como o município com a maior porcentagem de seguidores de religiões de matriz africana.

Com uma população de 224.112 habitantes, 9,3% declararam seguir religiões afro-brasileiras, como Umbanda, Candomblé e Batuque.

A forte presença dessas práticas está relacionada ao fato de que o estado é considerado o berço do Batuque — uma tradição religiosa que remonta ao século XIX.

Além disso, Viamão abriga diversas comunidades religiosas e promove eventos culturais ligados às matrizes africanas, o que ajuda a fortalecer e preservar essa identidade.

Sobre os dados do Censo 2022 acerca das religiões

O IBGE apresentou os primeiros dados sobre a religiosidade da população brasileira a partir do Questionário da Amostra do Censo Demográfico 2022, focando em pessoas com 10 anos ou mais.

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Para garantir representatividade cultural, as perguntas foram adaptadas conforme o território, diferenciando Terras Indígenas e outros setores censitários.

Esta investigação, que marca os 150 anos da inclusão do tema religião nos censos do Brasil, contou com parcerias, como a do Instituto de Estudos da Religião (ISER), e apoio da comunidade acadêmica, reforçando o compromisso com a representação da crescente diversidade religiosa nacional.

Os dados foram organizados por grandes grupos religiosos e desagregados por fatores como sexo, cor ou raça, idade, nível de instrução e características domiciliares.

Como se baseiam em setores censitários preliminares, os resultados deverão ser atualizados com novas informações.

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