A Língua Portuguesa é cheia de expressões que dizem muito sobre nossa cultura, mas, muitas vezes, não conhecemos ou paramos para pensar sobre seu real significado e origem.
Um exemplo disso é o termo “caiu a ficha”, que é muito utilizado no nosso dia a dia, mas muitas pessoas não fazem ideia de como surgiu, principalmente os mais novos.
Geralmente, a expressão é empregada quando a pessoa entende, finalmente, que algo aconteceu. O termo costuma ser usado em contextos nos quais se demora a processar um ocorrido, seja ele positivo, como uma conquista, ou negativo, como uma notícia ruim.
Apesar de, atualmente, o vocábulo ser usado nessas situações, nem sempre foi assim, e ele tem uma origem que é comum para quem fazia ligações por orelhões.
O que os orelhões têm a ver com a expressão? Descubra a seguir a origem de “caiu a ficha”.
Qual é a origem de “caiu a ficha”?
Se você faz parte do grupo que fez muitas ligações com os orelhões na década de 1990, com certeza vai entender facilmente a origem da expressão.
Caso seja mais novo e nunca tenha usado o orelhão, fique tranquilo(a), vamos te explicar tudo.
Hoje em dia, conseguimos fazer chamadas com um clique e de qualquer lugar, graças aos avanços tecnológicos e ao surgimento dos smartphones.
No entanto, nem sempre foi assim. Houve um tempo em que as ligações eram feitas por meio dos orelhões, aparelhos telefônicos de uso público que ficavam espalhados pelas ruas das cidades.
As chamadas eram pagas e, em 1970, algo mudou: a empresa telefônica Telebrás decidiu substituir as moedas que eram usadas para fazer o pagamento por fichas.
Dessa forma, as ligações começavam quando a ficha caía, liberando o contato por um tempo determinado. Resumidamente, o processo acontecia da seguinte forma:
- O usuário se dirigia ao telefone e precisava tirar o gancho;
- Em seguida, precisava inserir a ficha para começar a ligação;
- Também era preciso discar o número do contato que desejava acionar;
- Por fim, quando a ligação fosse atendida pela pessoa do outro lado da linha, a ficha caía e começava-se a contabilizar o tempo determinado para a realização da chamada.
Quando o período estava acabando, o telefone sinalizava que era necessário inserir outra ficha para que permanecesse na chamada.
Entendendo a relação
Mas, afinal, o que o orelhão tem a ver com a expressão? Precisamos entender o sentido figurado de “cair a ficha”, que no caso do aparelho telefônico, significava que a conexão foi estabelecida, a ligação começou.
Então, podemos traçar um paralelo com essa ideia de que a expressão também traz uma noção semelhante com a do estabelecimento de uma “conexão”.
Isso porque ela quer dizer que alguém “caiu em si”, finalmente entendeu algo, processou o que estava demorando.
Houve uma súbita mudança na percepção que fez com que a pessoa compreendesse a situação em questão, como a ficha que, subitamente, caía e estabelecia uma conexão, quando o indivíduo do outro lado da linha tirava o telefone do gancho e atendia.
Um tempo depois, o método de pagamento com as fichas também foi substituído, mas dessa vez pelos cartões telefônicos.
Os orelhões eram muito usados por pessoas que não tinham telefone fixo em casa, na época em que não eram tão comuns assim.
Posteriormente, eles também passaram a ser usados por aqueles que não tinham celulares e precisavam se comunicar fora de casa.
Essa realidade pode parecer bem distante para as novas gerações que sempre tiveram contato com os smartphones, mas faz parte da nossa história e evolução tecnológica, influenciando, inclusive, nosso vocabulário.