Todos os anos, biólogos no Havaí aguardam a chegada de uma ave que se tornou um símbolo de resistência e longevidade. Com mais de 70 anos, ela é a ave selvagem mais velha conhecida no mundo, superando em três décadas a expectativa de vida de sua espécie.
Recentemente, ela surpreendeu ao ser vista em um ritual de acasalamento com um novo parceiro e, logo depois, botou um ovo – possivelmente o 60º de sua vida. A informação foi divulgada pela equipe do Serviço de Pesca e Vida Selvagem dos EUA (USFWS).
Qual é a ave mais velha do mundo?

Identificada em 1956, Wisdom tornou-se objeto de estudo por sua curiosa longevidade. Foto: Reprodução / Pexels
Wisdom, uma albatroz-de-laysan, é reconhecida como a ave selvagem mais velha do mundo, com impressionantes 74 anos. Ela supera em mais de 30 anos a expectativa de vida média de sua espécie, que varia entre 12 e 40 anos.
Sua longevidade é um mistério que combina sorte e, possivelmente, genes excepcionais, segundo biólogos que a acompanham.
Wisdom não só desafia as estatísticas, mas também ajuda a expandir o conhecimento científico sobre aves marinhas, servindo como um símbolo de resistência e esperança para sua espécie.
Ela retorna anualmente ao Atol de Midway, no Havaí, para se reproduzir, um local que abriga a maior população de albatrozes-do-mundo. Identificada em 1956 pelo ornitólogo Chandler Robbins, Wisdom já chocou cerca de 30 filhotes ao longo de sua vida.
Os albatrozes-de-laysan, conhecidos por sua impressionante envergadura de asas e capacidade de voo, são monogâmicos e compartilham a incubação dos ovos e o cuidado dos filhotes.
Características do albatroz-de-laysan
Característica | Descrição |
---|---|
🌍 Habitat | Vive no Oceano Pacífico Norte, em águas abertas e em ilhas |
📏 Tamanho | Até 81 cm de comprimento; envergadura de 195–203 cm |
🍴 Dieta | Lulas, peixes, ovas de peixe, crustáceos e carniça flutuante |
🗺️ Faixa | Do norte do Oceano Pacífico, incluindo Costa Rica, Ilhas Aleutas e Mar de Bering |
🧬 Parentes | Albatroz-das-galápagos (Phoebastria irrorata), Albatroz-de-cauda-curta (Phoebastria albatrus), Albatroz-patinegro (Phoebastria nigripes) |
🏝️ Origem do nome | Recebeu o nome em homenagem à sua colônia de reprodução nas Ilhas Havaianas do Noroeste |
⚠️ Conservação | Ameaças incluem pesca com palangre, poluição por plástico e elevação do nível do mar |
Espécie quase ameaçada
O albatroz-de-laysan, classificado como “quase ameaçado” pela Lista Vermelha da IUCN, enfrenta desafios que podem colocá-lo em risco de extinção no futuro.
Historicamente, a espécie sofreu grandes perdas populacionais devido à coleta de penas e ovos, além do emaranhamento em redes de pesca.
Hoje, o plástico marinho surge como uma das principais ameaças, já que estudos indicam que essas aves ingerem grandes quantidades de detritos plásticos, que são repassados aos filhotes durante a alimentação.
A proximidade do status de conservação da espécie com as categorias de “vulnerável” ou “em perigo” é preocupante. Pesquisas mostram que a ingestão de plástico varia conforme a região de forrageamento.
Por exemplo, no Havaí, filhotes no Atol de Kure consomem quase dez vezes mais plástico do que os de Oahu, apesar de receberem quantidades semelhantes de alimentos naturais.
Isso ocorre porque os adultos de Kure forrageiam em áreas com maior concentração de detritos, como o “Western Garbage Patch”, uma zona de acumulação de lixo no Pacífico Norte.
Durante a época reprodutiva, os adultos ajustam seus padrões de busca por alimento, mas a sobreposição com áreas poluídas aumenta o risco.
Esses fatores, somados às ameaças históricas, destacam a urgência de medidas de conservação para evitar que a espécie entre em categorias de maior risco de extinção.