No menor sinal de fumaça ou calor na comida quente, o primeiro instinto é assoprar para deixá-la mais fria. Porém, o que muitas pessoas não fazem ideia é que existe um processo científico em curso nessa troca de temperaturas.
Sobretudo, entender mais sobre essa questão demanda conhecer alguns princípios da Termofísica. No geral, esse é o ramo da Física que estuda os fenômenos térmicos, como o calor, a dilatação, a mudança de estado da matéria e a relação entre a temperatura de corpos em um mesmo ambiente. Saiba mais a seguir:
Adianta assoprar a comida?
Quando uma pessoa sopra ar em uma comida quente, o que acontece é uma troca de temperatura entre o ar do corpo humano e o ar mais quente do alimento. Basicamente, esse processo se chama convecção, pois há uma transmissão de calor entre os fluidos por conta da diferença natural em suas temperaturas.
A partir do momento que o calor é fornecido a um fluido são formadas as chamadas correntes convectivas, que transmitem o calor ao ambiente até que haja um equilíbrio térmico entre a substância e o meio. No caso dos alimentos, isso considera os recipientes onde estão inseridos e o ambiente onde acontece a refeição.
A título de curiosidade, a convecção acontece também com os ares-condicionados. Por via de regra, esses aparelhos são instalados em locais mais altos porque produzem um ar frio mais denso do que o ar ambiente.
Como consequência, há uma troca de temperatura quando o ar frio desce e o ar quente sobe, até que o cômodo encontre o ponto de equilíbrio térmico. A partir desse equilíbrio, é mais fácil resfriar um espaço, pois há menos resistência na temperatura do ar.
Portanto, como o ar ao redor do recipiente está mais frio, o que acontece é um aumento da transferência do calor. Em um processo semelhante de perda da temperatura, as casquinhas de sorvete derretem mais rápido em dias quentes de verão, pois há uma troca natural de temperatura que afeta o estado da matéria do alimento.
Quando uma pessoa não assopra o alimento, essa troca acontece por meio do processo de condução, onde há principalmente um intercâmbio de temperaturas com a tigela ou prato. Por definição, a condução é a transferência de calor mediante o contato entre a superfície de dois corpos com temperaturas diferentes.
Por conta da condução, é comum que as canecas fiquem quentes quando utilizadas para bebidas como café ou chá. Com materiais que são condutores mais sensíveis, como o metal, essa transferência é percebida com maior intensidade, como acontece quando uma colher de metal fica em contato com uma panela em aquecimento.
O que mais acontece nesse processo?
Além da mudança na temperatura pela troca entre o ar interno do corpo humano e o ar externo do ambiente, outro processo em ação é o resfriamento por evaporação. Em resumo, a respiração move o vapor de água para longe da superfície do alimento, de modo que mais moléculas de água evaporem porque há mais espaço para tal.
Comumente, o resfriamento por evaporação é mais eficaz, mas é mais fácil fazer isso com líquidos do que alimentos sólidos porque o vapor de água está mais concentrado em bebidas ou sopas. Para ajudar a resfriar os alimentos, é interessante quebrá-los em pedaços menores, pois há mais dispersão e menos retenção do calor.
Apesar disso, o esfriamento dos alimentos afeta diretamente no sabor e na qualidade de certos pratos. No caso das sopas, por exemplo, o gosto fica acentuado quando há mais calor porque a gordura está menos distribuída, e quanto mais quente a tendência é que o volume do líquido aumente pela interação com os outros nutrientes.
Por isso, em alguns casos, as sopas ficam mais salgadas ou aguadas quando esfriam. Entretanto, deve-se considerar que alimentos muito quentes podem representar riscos para a segurança da mucosa da boca, que é muito mais sensível às altas temperaturas e queimaduras do que outras partes do corpo.
