Além de saudade: confira palavra do português que não tem tradução

Um estudo explorou como podemos enriquecer a nossa bagagem emocional através de palavras intraduzíveis relacionadas com o bem-estar.

No português, assim como em muitos outros idiomas, existem termos que não têm tradução em nenhuma outra língua, permanecendo exclusivos e repletos de significado que só podem ser plenamente compreendidos dentro de seu contexto original.

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Essas palavras carregam conceitos que muitas vezes escapam à capacidade de serem expressos de outra forma. Veja um exemplo a seguir.

Estudo revela palavra intraduzível do português

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De acordo com um estudo conduzido por Tim Lomas, da University of East London, existem palavras que são consideradas intraduzíveis globalmente, ou seja, termos sem equivalência direta em outras línguas.

Entre elas, está a palavra portuguesa “desenrascanço”. Lomas buscou esses termos exclusivos através de pesquisa acadêmica e diálogos com nativos dos países de origem dos vocábulos.

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A iniciativa faz parte do Positive Lexicography Project, uma iniciativa pessoal de Lomas cujo objetivo é registrar a diversidade de sentimentos, principalmente positivos, que são únicos em diferentes culturas ao redor do mundo.

O projeto aspira a que esses termos sejam integrados no cotidiano das pessoas. Conforme o autor, já adotamos várias expressões emocionais de idiomas estrangeiros, como “frisson” (francês) ou “schadenfreude” (alemão), mas existem muitos outros termos ainda não assimilados em nosso léxico.

Nesse sentido, o pesquisador já catalogou centenas dessas emoções “intraduzíveis” e continua a expandir essa coleção.

Ele acredita que o conhecimento dessas palavras pode enriquecer nossa autoconsciência com uma perspectiva mais ampla e detalhada, bem como nos proporcionar uma visão única do mundo.

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O que significa “desenrascanço”?

Desenrascanço é uma palavra da língua portuguesa que descreve a capacidade de solucionar problemas ou resolver dificuldades rapidamente e sem meios adequados.

Quando alguém se livra de uma situação tensa e embaraçosa de forma despojada e criativa, está aplicando o desenrascanço.

É como encontrar uma saída inesperada, improvisando e utilizando recursos disponíveis de maneira engenhosa. A palavra é formada pela junção de “desenrascar” (que significa resolver, desembaraçar) com o sufixo “-anço”.

Em suma, “desenrascanço” é uma habilidade que nos permite enfrentar desafios com astúcia e sagacidade, mesmo quando não temos os recursos ideais à nossa disposição. É uma expressão que reflete a criatividade e a resiliência diante das adversidades.

Palavras ‘intraduzíveis’ de outros idiomas

  • Tarab (árabe): um êxtase encantador provocado pela música;
  • Shinrin-yoku (japonês): a serenidade de se imergir na atmosfera da floresta;
  • Gigil (tagalog): a vontade incontrolável de apertar algo ou alguém extremamente adorável;
  • Yuan bei (chinês): a plenitude que vem com a realização de um objetivo;
  • Iktsuarpok (Inuit): a expectativa de alguém chegar, levando a verificar repetidamente;
  • Natsukashii (japonês): uma nostalgia doce e melancólica por tempos passados;
  • Wabi-sabi (japonês): a beleza na impermanência e imperfeição;
  • Sehnsucht (alemão): um anseio profundo por vidas e experiências além do alcance;
  • Dadirri (aborígene australiano): uma escuta atenta e contemplativa, com ressonância espiritual;
  • Pihentagyú (húngaro): uma mente aguçada capaz de criar soluções inteligentes e humor;
  • Sukha (sânscrito): uma felicidade autêntica e sustentável, independente de fatores externos;
  • Orenda (Huron): a força da vontade humana para influenciar o mundo, apesar do destino.

Por que as palavras intraduzíveis podem melhorar nosso bem-estar?

Segundo Tim Lomas e outros especialistas da área da Psicologia Positiva, as palavras intraduzíveis são como janelas para experiências e emoções que, embora universais, são vivenciadas de maneira única em diferentes culturas.

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A linguagem molda nossa realidade e, ao aprender termos que descrevem estados emocionais específicos de outras culturas, expandimos nosso próprio repertório emocional.

Além de enriquecer nossa compreensão cultural, isso também nos permite acessar e reconhecer emoções que talvez não tivéssemos identificado anteriormente.

Desse modo, ao incorporar essas palavras em nosso vocabulário, podemos começar a vivenciar nuances de bem-estar que eram anteriormente inexploradas, promovendo uma maior empatia e conexão com os outros.

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