A sonda Curiosity da NASA já completou mais de 2000 sóis (2055 dias terrestres) em solo marciano.
Seus registros extraordinários possibilitaram descobertas que nos revelam mais sobre o fascinante planeta vermelho e a potencial existência de vida similar à terrestre.
Nesse contexto, é oportuno recordar Carl Sagan, o renomado divulgador científico e astrônomo, que nutria um profundo encanto por Marte e a ideia da humanidade um dia pisar em seu solo.
Em um dos seus últimos atos, Sagan deixou gravada uma mensagem tocante sobre Marte, destinada aos exploradores que viriam no futuro. Continue lendo e veja na íntegra abaixo.
Mensagem de Sagan para os primeiros humanos em Marte
Através de seu programa de TV “Cosmos: Uma Viagem Pessoal”, Carl Sagan se estabeleceu como um ícone na divulgação da ciência, promovendo o debate saudável e a aplicação do método científico.
Inclusive, ele foi o primeiro a apontar, em um estudo de 1967, as nuvens de Vênus como um dos locais mais promissores do Sistema Solar na busca por vida extraterrestre.
Em uma gravação enigmática, pouco antes do seu falecimento, Sagan disse:
“Olá, sou Carl Sagan. Estou onde costumo trabalhar em Ithaca, perto da Universidade Cornell, em Nova York. Você pode ouvir uma cachoeira próxima ao fundo, o que provavelmente é uma raridade em Marte, mesmo em tempos de altas tecnologias.
A ciência e a ficção científica fizeram uma espécie de dança no século passado, especialmente quando se trata de Marte. Os cientistas fazem descobertas.
Eles inspiram escritores de ficção científica a escrever sobre eles, e muitos jovens que lêem ficção científica e são inspirados para nos tornarmos os cientistas que descobrem mais sobre Marte, o que por sua vez alimenta outra geração de ficção científica e ciência; e a sequência que desempenhou um papel importante na nossa capacidade atual de chegar a Marte.
Foi certamente um fator importante na vida de Robert Goddard, o pioneiro no campo dos foguetes que, penso eu mais do que ninguém, abriu o caminho para a nossa capacidade real de ir a Marte. E certamente desempenhou um papel importante no meu desenvolvimento científico.
Não sei por que queremos ir a Marte. Talvez porque percebemos que temos que agir com cuidado em torno de pequenos asteroides para evitar a possibilidade de um impacto com a Terra com consequências catastróficas, e, enquanto estivermos no espaço perto de Terra, é apenas um salto, que nos levará para outro e outro para Marte.
Ou talvez queiramos ir para Marte porque reconhecemos que se existem comunidades humanas em muitos mundos, as possibilidades de extinção devido a alguma catástrofe no mundo será menor. Ou talvez queiramos ir a Marte por causa da magnífica ciência que pode ser encontrada lá.
As portas para um mundo maravilhoso estão se abrindo em nosso tempo. Talvez queiramos ir a Marte porque temos que ser, porque existe um profundo impulso nômade embutido em nós.
Nós, devido ao processo evolutivo, viemos, afinal, de caçadores-coletores, e 99,9% de nossa estadia na Terra fomos nômades.
O próximo lugar para caminhar será Marte. Seja qual for o motivo pelo qual queremos estar em Marte, estou feliz por estarmos lá. E gostaria de estar com você.”