Afinal, por que os romanos colocavam moedas nas bocas de falecidos?

A sociedade da Roma Antiga era muito supersticiosa e mantinha a crença de que os mortos deveriam ter um descanso adequado.

Em numerosas culturas, a mitologia inseriu tradições no cotidiano que, muitas vezes, carecem de fundamento histórico.

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Um exemplo é a prática ancestral romana de colocar moedas sobre a boca ou olhos dos falecidos como oferendas divinas.

A crença por trás desse costume vem da Grécia Antiga, cujo objetivo era garantir que os mortos não fossem excluídos do paraíso. Continue lendo e entenda mais a seguir.

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Por que os romanos colocavam moedas nas bocas de falecidos?

Conforme a tradição greco-romana, o ritual fúnebre e a conexão com o divino eram aspectos fundamentais.

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A morte marcava o fim da existência terrena e o início de uma viagem espiritual, que incluía o encontro com o barqueiro Caronte e seu barco.

Caronte exigia que os mortos portassem três moedas: duas sobre os olhos e uma sob a língua. Esse pagamento era considerado um tributo ao deus Hades para a travessia pelo rio Aqueronte até o reino dos mortos.

Sem as moedas, as almas permaneciam no Submundo, errantes pelas sombras por um século. Caronte, conhecido como o barqueiro do inferno, era inflexível nessa exigência, com exceção de Hércules e Orfeu, que conseguiram burlar a regra.

Tanto gregos quanto romanos adotavam essa prática, geralmente utilizando a moeda de menor valor, o óbolo, para o pagamento ao barqueiro.

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Estudo investiga o ritual fúnebre

Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Edimburgo abordou a análise da moeda no contexto de sepultamentos antigos, uma área que, até então, havia sido pouco explorada além da associação com o pagamento a Caronte.

As investigações anteriores focavam principalmente na interpretação literária clássica, sem dar devida atenção ao material arqueológico.

A pesquisa identificou que a inclusão de moedas em sepultamentos não corresponde diretamente à perda de moedas em locais arqueológicos.

Além disso, na Grã-Bretanha e na Alemanha, a prática de adicionar moedas aos enterros foi rapidamente adotada e depois diminuiu no final do século II.

A preferência era por moedas de liga de cobre, indicando que a importância residia na presença da moeda, não em seu valor. Na Inglaterra, as moedas geralmente vinham da moeda corrente, com algumas exceções de peças antigas.

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Cerca de 50% a 56% das moedas foram encontradas próximas à boca, alinhando-se com as crenças de Caronte, mas outras localizações sugerem diferentes funções ou fases do rito funerário. Moedas perfuradas podem ter servido como amuletos ou para proteção.

Fora do Império Romano, o costume era menos comum e diferenciado, com moedas de prata e ouro indicando status social e circulando por longos períodos antes do sepultamento.

O mito de Caronte

Caronte é uma figura central na mitologia grega, conhecido como o barqueiro do submundo. Sua função era transportar as almas dos falecidos para o Hades, o reino eterno dos mortos.

Descrito como um ancião desalinhado e sombrio, ele navegava pelo rio Aqueronte, também chamado de “rio da dor”, em um barco enferrujado e desgastado.

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Filho de Nyx, a deusa da noite, e Érebo, o deus das trevas, Caronte nasceu em tempos tão remotos que sua origem se perde na memória.

Nyx, temida até por Zeus, era filha do Caos e participou da criação do universo. Érebo dominava as névoas que envolviam a Terra e, juntos, tiveram outros filhos que personificavam diversos aspectos da vida e da morte.

O nome “Caronte” significa ‘brilho intenso’, aludindo ao brilho nos olhos das pessoas antes da morte. As Parcas, suas irmãs, o convocavam para transportar as almas que estavam prestes a morrer.

No entanto, nem todas as almas conseguiam cruzar o Aqueronte, pois não carregavam o óbolo para garantir a passagem.

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