Certamente, o símbolo do coração é um dos primeiros que aprendemos a desenhar quando somos crianças. Em essência, parece simples: dois arcos que se encontram em uma ponta afilada para baixo. É um ícone global, reconhecido e entendido por todos.
No entanto, esse formato difere bastante do órgão real que pulsa em nosso peito, vital até o último batimento antes de nossa respiração cessar.
Então, surge a pergunta: qual a origem dessa representação tão distinta? Continue lendo e descubra a seguir.
Por que o símbolo do coração não se parece com o órgão real?
O coração é um emblema universalmente aceito. Na verdade, desde eras remotas, ele é venerado e reverenciado.
Considerado um dos órgãos mais enigmáticos, é visto como o propulsor da existência e o santuário da alma.
Para os egípcios antigos, o coração era o órgão mais importante, o elo entre a alma e a mente. Já Aristóteles, na Grécia Antiga, postulava que o coração era o assento da alma e da razão.
Mesmo no cristianismo, há a imagem do Sagrado Coração de Jesus, inspirada pela visão de Santa Margarida Maria Alacoque em 1673.
Contudo, a representação mais arcaica do símbolo do coração que conhecemos deve-se a Cirene, uma cidade antiga localizada no que hoje é a Líbia, fundada em 631 a.C. pelo império grego.
Ali surgiram as primeiras representações do coração, tão significativas que foram cunhadas nas moedas de prata da cidade.
Essas moedas retratavam as folhas do Sílfio, que curiosamente possuíam o formato de coração. Essa planta era famosa por suas propriedades medicinais, usada como tempero, analgésico e até perfume.
Mas foi seu uso como contraceptivo que intensificou sua demanda nas sociedades egípcia, grega e romana, até que a colheita contínua levou à extinção da espécie.
Desse modo, acredita-se que a associação das folhas em forma de coração com o romance pode ter originado essa conexão e representação simbólica que conhecemos atualmente.
Origem anatômica
O coração começa a funcionar nos primeiros estágios da vida de um embrião, batendo por conta própria já na quarta semana. É fundamental para a vida, pois se ele parar, pode levar a pessoa à morte em minutos.
Este órgão, que bombeia oxigênio e nutrientes para o corpo, tem quatro partes principais: dois átrios, que ficam na parte de cima e recebem o sangue, e dois ventrículos, que ficam embaixo e mandam o sangue para fora.
Entre os átrios e os ventrículos, há válvulas que impedem que o sangue volte para trás. São elas: a válvula tricúspide, a pulmonar, a atrial e a mitral (também conhecida como bicúspide).
As paredes do coração são formadas por três camadas: o endocárdio por dentro, o miocárdio no meio e o epicárdio por fora, que também é a camada interna do pericárdio.
O lado direito do órgão pega o sangue sem oxigênio do corpo e manda para os pulmões. Já o lado esquerdo recebe o sangue com oxigênio dos pulmões e o envia para o resto do corpo.
O trabalho do coração é dividido em duas fases: diástole e sístole. Na diástole, os ventrículos relaxam e se enchem de sangue enquanto os átrios se contraem e esvaziam o sangue neles.
Na sístole, os ventrículos se contraem e empurram o sangue para fora, enquanto os átrios relaxam e se enchem de sangue de novo.
Diante desse complexo funcionamento, estudos sugerem que o símbolo do coração, como conhecemos, pode ter uma origem anatômica.
A técnica de injetar um corante nas artérias coronárias do órgão revelou uma forma que se assemelha ao ícone tradicional do coração.
Isso leva à hipótese de que, talvez, cientistas do passado tenham descoberto essa forma similar ao realizar autópsias e injetar substâncias como gesso nas artérias para depois representar essa estrutura em desenhos.
Contudo, essa é apenas uma teoria que requer mais investigação por parte de historiadores da medicina para ser confirmada ou refutada.