Você já teve aquela sensação incrível ao ouvir uma música que instantaneamente levanta seu astral? Segundo o neurocientista cognitivo Dr. Jacob Jolij, existe uma fórmula científica por trás das canções que nos deixam mais felizes.
Em seu estudo, ele analisou os hits considerados “animadores” por voluntários e descobriu padrões específicos de ritmo, tom e até letras positivas que, juntos, inspiram nos ouvintes sentimentos de alegria e otimismo.
Qual é a música que deixa as pessoas mais felizes?

A música pode ser uma excelente ferramenta para melhorar o nosso estado de espírito, segundo a neurociência. Foto: Reprodução / Pexels
Segundo o levantamento encomendado pela varejista irlandesa Argos e conduzido por Jolij, a música que mais deixa as pessoas felizes é “Don’t Stop Me Now“, do Queen, lançada em 1978.
A pesquisa analisou 126 canções dos últimos 50 anos e descobriu que essa faixa reúne os ingredientes perfeitos para elevar o humor: um ritmo acelerado (próximo de 150 BPM), tonalidade maior e letras positivas e motivadoras.
Esses elementos, combinados com a energia contagiante da música, fazem dela a campeã em provocar sensações de alegria e euforia nos ouvintes.
O Dr. Jolij explica que, embora a preferência musical seja algo pessoal – já que nossas memórias e emoções influenciam como reagimos a cada canção –, existem padrões científicos que tornam certas músicas universalmente animadoras.
No caso de “Don’t Stop Me Now“, a batida vibrante, a melodia otimista e o tema das letras (que celebram diversão e autoconfiança) criam uma fórmula quase matemática de felicidade.
Não é à toa que 45% dos irlandeses usam essa música para melhorar o humor e 77% a veem como fonte de motivação. Além dela, Jolij listou outros nove hits que compõem a playlist perfeita de pessoas felizes:
- Dancing Queen (Abba);
- Good Vibrations (The Beach Boys);
- Uptown Girl (Billy Joel);
- Eye of the Tiger (Survivor);
- I’m a Believer (The Monkees);
- Girls Just Wanna Have Fun (Cyndi Lauper);
- Livin’ on a Prayer (Jon Bon Jovi);
- I Will Survive (Gloria Gaynor);
- Walking on Sunshine (Katrina & The Waves).
A música também altera a percepção visual
Alguns anos antes de identificar a canção mais feliz do mundo, Jacob Jolij já havia descoberto que a música não só influencia nossas emoções, mas também muda a forma como enxergamos o mundo.
Em um estudo realizado na Universidade de Groningen, em 2011, o neurocientista e sua equipe demonstraram que ouvir músicas alegres ou tristes pode distorcer nossa percepção visual, fazendo com que vejamos expressões faciais que nem sempre estão lá.
Por exemplo, participantes expostos a canções animadas tendiam a identificar rostos felizes mesmo quando nenhum era exibido, enquanto músicas melancólicas os levavam a “enxergar” expressões tristes.
O experimento usou smileys (carinhas expressivas) para testar como a música afetava o reconhecimento emocional. Os resultados foram surpreendentes: quando ouviam uma trilha alegre, as pessoas acertavam mais os smileys felizes, mas também relatavam vê-los mesmo quando nenhum estava presente.
O mesmo ocorria com músicas tristes. Isso revelou que nosso cérebro não processa a realidade de forma neutra; ele a interpreta com base no nosso estado emocional, que pode ser moldado pela música.
Jolij explicou que esse fenômeno está ligado a processos cognitivos “de cima para baixo”, nos quais o cérebro preenche lacunas com base em expectativas e experiências prévias.
Ou seja, quando estamos felizes por causa de uma música, nosso cérebro “espera” ver coisas que combinem com esse humor, criando ilusões perceptivas. Os detalhes da pesquisa foram publicados na revista “PLOS ONE“.