Historicamente, a lua tem sido associada a interferências em diversos aspectos da vida humana, inspirando estilos de vida, arte, superstições, rituais, etc. em diferentes culturas ao redor do mundo.
Existe, inclusive, a ideia de que a lua cheia pode fazer as pessoas agirem de maneira estranha, uma noção presente em várias crenças e mitologias que sugerem efeitos sobre a psicologia e a saúde mental.
Cientificamente, é reconhecido que a lua exerce uma influência gravitacional sobre a Terra, que é responsável pelas marés, caracterizadas por alterações periódicas e regulares no nível do mar.
Mas será que o satélite realmente pode “mexer com a nossa cabeça”? Continue lendo e entenda a seguir.
A lua cheia faz as pessoas se comportarem de maneira estranha?
A ideia de que a Lua afeta o comportamento humano tem atravessado gerações.
Em resposta a essa crença difundida, pesquisadores da Université Laval no Canadá conduziram um estudo para investigar a possível correlação entre as fases da Lua e distúrbios psicológicos.
A equipe analisou 771 pacientes que procuraram atendimento de emergência em dois hospitais de Montreal devido a dores no peito sem causas médicas aparentes, entre março de 2005 e abril de 2008.
Muitos desses pacientes apresentavam sintomas de ataques de pânico, transtornos de ansiedade e humor ou pensamentos suicidas.
Os resultados do estudo, publicados na revista General Hospital Psychiatry, mostraram que não havia uma relação significativa entre as fases da Lua e a incidência de problemas psicológicos, com exceção de uma redução de 32% nos transtornos de ansiedade durante o último quarto lunar.
O grupo de pesquisa, liderado pela Dr.ᵃ Geneviève Belleville, concluiu que, apesar das crenças populares, não há evidências científicas que sustentem a influência das fases lunares na saúde mental.
A lua cheia afeta o sono?
Por outro lado, um estudo de 2021 revelou que, nos dias que precedem a lua cheia, as pessoas tendem a se deitar mais tarde e a ter uma duração de sono reduzida.
Em média, o atraso para dormir era de 30 minutos e a redução do sono era de quase uma hora por noite.
Essa observação tem lógica, considerando que a luminosidade lunar pós-anoitecer é mais intensa antes da lua cheia.
O intrigante é que esse padrão se mantém independente do ambiente residencial, seja ele rural ou urbano, com alta poluição luminosa. A pesquisa comparou os hábitos de sono de dois grupos distintos:
- Indígenas da comunidade Qom, na Argentina, sem acesso à iluminação artificial;
- Estudantes universitários em Seattle, Washington, onde as luzes urbanas ofuscam a claridade lunar e estelar.
Se a luz lunar não é determinante, qual seria a razão para dormirmos menos e irmos para a cama mais tarde?
Uma hipótese remete aos nossos ancestrais pré-industriais, que se guiavam pela lua para atividades noturnas como caça, pesca e sociais.
A “Lua da Colheita”, por exemplo, era essencial para os agricultores colherem seus cultivos durante as noites iluminadas do outono. Assim, as noites anteriores à lua cheia sempre trouxeram mais luz ao escuro.
Os ritmos circadianos, que são os ciclos de dia e noite influenciados pela rotação da Terra ao redor do Sol, regulam nosso sono.
Porém, existem também os ritmos circalunares, sincronizados com as fases da lua. Alguns animais se orientam tanto pelo ciclo circadiano quanto pelo lunar.
A lua também afeta o comportamento de diversas espécies animais. Aves migratórias, por exemplo, dependem dela para se deslocar e sincronizam sua reprodução com fases específicas do ciclo lunar.
