Existem muitas expressões da Língua Portuguesa faladas no cotidiano que parecem fazer sentido apenas para seus falantes. Seja por contexto histórico ou por quebra nas regras gramaticais, os exemplos são diversos: um deles é “subir para cima”.
A expressão seria pleonasmo ou redundância? Você com certeza já deve ter ouvido alguém falar – ou até mesmo falado – que ia subir para cima ou descer para baixo. A partir de então, a dúvida se a ideia estaria gramaticalmente correta ou não surge.
Para entender melhor sobre o assunto, confira abaixo se a expressão “subir para cima” é considerada um pleonasmo ou uma redundância, bem como mais algumas curiosidades sobre ela.
“Subir para cima” é pleonasmo ou redundância?
Seja “subir para cima” ou “descer para baixo”, ideias do tipo se configuram como pleonasmo vicioso, ou seja, redundância. Considerado uma tentativa do locutor de se expressar melhor por meio da repetição, seu uso é comum entre muitos falantes, mesmo que inadequado.
O pleonasmo em si não configura um erro gramatical, mas é preciso tomar cuidado. Seu uso em excesso pode ser perigoso em redações ou em ambientes de trabalho, especialmente quando for classificado como vicioso.
Mas o que seria exatamente o pleonasmo? E a redundância? Entenda melhor com as definições abaixo.
Pleonasmo
A palavra “pleonasmo” deriva do latim, e significa “superabundância”. O fenômeno é uma figura de linguagem caracterizada pela repetição enfática de determinada ideia.
Com isso, sendo ele de reforço ou estilístico, é possível classificar o pleonasmo em duas categorias: semântico e sintático. Existe também o vicioso, a chamada redundância, que apresenta apenas a repetição desnecessária e excessiva.
O pleonasmo semântico é aquele relacionado ao significado de uma expressão. Esse é o caso de “rir meu riso” ou de “ver com meus próprios olhos”, por exemplo. Aqui, a repetição está enfatizando a ação.
Já o pleonasmo sintático depende da relação entre os termos da oração. Ao dizer que “a mim não me cabe” algo, o verbo “caber” exige um complemento indireto, que é o pronome “me”.
Contudo, “me” é o mesmo que “a mim”, o que faz com que a repetição sirva para enfatizar a ideia. Sempre que um termo é colocado em evidência dessa forma, o fenômeno é considerado sintático.
Redundância
Também chamada de tautologia ou de pleonasmo vicioso, a redundância é um vício de linguagem. Ao contrário do pleonasmo, considerado uma figura de linguagem, situações de repetição do tipo não são aceitas pela norma culta.
A redundância não possui nenhuma intenção expressiva e, além de “subir para cima” ou “descer para baixo”, alguns outros exemplos comuns do fenômeno são:
- Decapitar a cabeça.
- Monopólio exclusivo;
- Voltar atrás;
- Ganhar grátis;
- Sair para fora;
- Sintomas indicativos;
- Multidão de pessoas;
- Fato verídico;
- Cego dos olhos;
- Repetir de novo.
Na redundância, não ocorre nada além da afirmação do óbvio. A situação se difere do pleonasmo de reforço ou estilístico pelo fato de que, no outro fenômeno, a repetição provoca efeito expressivo, essencial para o enunciado.
Enquanto isso, no pleonasmo vicioso, as repetições não alteram o sentido de nenhuma forma. Afinal, “subir para cima” ou “descer para baixo” não fazem nada além de afirmar o óbvio.