Apesar da devoção incondicional que os cães têm por seus tutores, certos comportamentos humanos podem, na realidade, causar desconforto e até mesmo mágoa nos pets.
Especialistas em comportamento canino destacam que alguns gestos cotidianos podem ser mal compreendidos pelos animais, gerando estresse ou sensação de rejeição.
Portanto, se você não quiser ‘pisar na bola’ com seu amigo de quatro patas, é preciso reconhecer essas atitudes e ajustá-las o quanto antes.
Qual é a atitude que deixa o seu cachorro magoado?

Gritar é um dos comportamentos que podem gerar medo e estresse nos cães, afetando seu bem-estar emocional e sua confiança no tutor. Foto: Reprodução / Pexels
O cachorro pode ficar profundamente magoado com gritos. Isso acontece porque os cães têm uma audição altamente sensível, sendo capazes de detectar sons em frequências muito superiores às humanas.
Quando expostos a gritos, a resposta natural dos cães pode ser de desconforto ou até mesmo sofrimento, pois sua tolerância a ruídos altos é significativamente menor do que a nossa.
Além dos impactos auditivos, a exposição contínua a sons intensos pode gerar estresse crônico e até contribuir para a perda auditiva ao longo da vida do animal.
Um estudo publicado na “PLOS ONE” demonstrou que cães treinados com métodos aversivos, incluindo gritos, apresentaram níveis mais elevados de cortisol, hormônio associado ao estresse, em comparação com aqueles treinados com reforço positivo.
Além disso, foi observado que a utilização de gritos compromete o progresso do treinamento, deixando os cães mais tensos e pessimistas.
Os achados reforçam a importância de utilizar abordagens de treinamento baseadas em ações que promovam o bem-estar e a confiança do animal.
Outras coisas que os cães odeiam que os humanos façam
1. Encará-los
No mundo canino, o contato visual prolongado é frequentemente interpretado como uma ameaça, desencadeando comportamentos de estresse como lamber os lábios, bocejar ou até agressividade.
Um estudo no livro “Domestic Dog Cognition and Behavior” demonstrou que cães toleram melhor o olhar de seus donos, mas reagem negativamente ao de estranhos.
O trabalho destacou que a interpretação do olhar varia conforme o contexto e a relação com o humano, reforçando a necessidade de cautela ao interagir com cachorros desconhecidos.
2. Abraçá-los
Abraços podem causar estresse significativo em cães, manifestado por sinais como orelhas para trás, lambidas de focinho e tentativas de afastamento.
Uma pesquisa analisou vídeos de interações e concluiu que, embora alguns cães tolerem abraços, a maioria os vê como uma restrição física, um comportamento antinatural para a espécie.
Os autores recomendam evitar abraços, especialmente com pets desconhecidos, para prevenir reações defensivas.
3. Deixá-los sob cuidados de crianças
Cães podem exibir estresse elevado na presença de crianças, aumentando o risco de mordidas.
Uma meta-análise na “PeerJ” revisou 393 estudos e destacou que crianças são frequentemente mordidas durante brincadeiras invasivas ou ao perturbarem cães que estão dormindo ou comendo.
Portanto, não é uma boa ideia deixar cachorros com crianças sem supervisão adulta.
4. Impedir que eles cheirem durante passeios
Restringir o comportamento de farejar pode prejudicar o bem-estar canino. Duranton e Horowitz mostraram em uma pesquisa na “Applied Animal Behaviour Science” que cães submetidos a atividades de faro (como “busca com o nariz”) tornaram-se mais “otimistas” em testes de viés cognitivo.
O estudo sugere que permitir cheiradas frequentes durante passeios reduz o estresse e satisfaz necessidades naturais, melhorando a qualidade de vida do animal.
5. Deixá-los sozinhos por longos períodos
Cães sofrem com a ausência dos donos, exibindo uma saudação mais intensa após períodos prolongados. Em outra pesquisa, também na “Applied Animal Behaviour Science“, os autores monitoraram cães deixados sozinhos por 30 minutos a 4 horas.
Eles observaram que, após 2 horas, os animais apresentavam maior excitação física (abanar o rabo, lamber os lábios) e aumento da frequência cardíaca no reencontro.
O estudo confirma que cães percebem a passagem do tempo e são afetados emocionalmente pela solidão.