Ser muito inteligente pode parecer um dom, mas a ciência afirma que isso nem sempre é sinônimo de sucesso ou felicidade.
Conforme um estudo publicado recentemente na revista Intelligence, as pessoas com QI alto têm maior chance de sofrer com diversos problemas físicos e psicológicos, incluindo ansiedade e depressão.
Como o estudo foi feito?
Para realizar o estudo, a equipe enviou uma pesquisa por e-mail aos membros da Mensa, uma organização de pessoas com alto QI, que requer que seus membros tenham pontuação 132 ou mais em testes de inteligência (a média geral da população é 100).
Os resultados revelaram que eles tinham mais chances de ter uma série de condições de saúde negativas, como transtornos de humor, TDAH e TEA. Alergias ao ambiente, asma e doenças autoimunes também foram examinadas.
Os participantes tiveram que informar se tinham sido diagnosticados oficialmente com cada problema citado ou se achavam que tinham algum deles.
Em seguida, foram analisados os dados das pessoas com diagnóstico oficial e uma opção chamada “combinada”, onde os dados acima foram somados aos de pessoas que achavam que tinham uma doença.
Cerca de 75% (ou seja, 3.715 pessoas) responderam à pesquisa e a equipe de cientistas fez a comparação dos resultados obtidos para cada problema com a média do país.
8 desvantagens de ser muito inteligente
As maiores diferenças entre o grupo Mensa e a população em geral foram observadas nos seguintes números, denotando as principais desvantagens de ter um QI alto:
- 285% mais chances de desordens de humor;
- 242% mais chances de crise de ansiedade;
- 239% mais chances de desenvolver sintomas de TDAH;
- 530% mais chances de doenças dentro do espectro de autismo;
- 150% mais chances de ter alergia a algum tipo de comida;
- 333% a mais de desenvolver alergia ao ambiente;
- 134% mais chances de asma;
- 100% mais chance de doenças autoimune.
Karpinski e seus colegas usam a teoria do hipercérebro/hipercorpo para explicar os seus resultados. Segundo esta teoria, a inteligência elevada está ligada à “superexcitação” (OE) psicológica e fisiológica.
Este conceito foi criado pelo psiquiatra e psicólogo polonês Kazimierz Dbrowski nos anos 1960 e se refere a uma reação forte aos ambientes.
As OE psicológicas se manifestariam em uma tendência forte para a ruminação e a preocupação, enquanto as OE fisiológicas vêm da resposta do corpo ao estresse.
De acordo com a teoria do hipercérebro/hipercorpo, esses dois tipos de OE são mais frequentes em pessoas com alta inteligência e se influenciam mutuamente em um “ciclo vicioso” causando problemas psicológicos e fisiológicos.
Por exemplo, uma pessoa com QI alto pode pensar demais em um comentário de reprovação do seu chefe, imaginando consequências negativas que nunca ocorreriam a uma pessoa menos inteligente. Isso pode acionar a resposta do corpo ao estresse, o que por sua vez aumentará a ansiedade.
Implicações das descobertas
Karpinski ressalta que não se deve tirar conclusões precipitadas dos resultados, pois são correlacionais. Ou seja, não podemos afirmar que a inteligência provoca esse distúrbio só porque ele é mais frequente em pessoas com QI mais alto.
Também pode ser que as pessoas que entram na Mensa sejam diferentes do resto da população em outros fatores além do QI.
Outra hipótese é que as associações observadas sejam causadas por algum gene pleiotrópico (isto é, um gene que afeta características que não parecem ter relação).
Isso já foi indicado por alguns estudos como o de Rosalind Arden (2015), onde se viu que a relação entre longevidade e o QI poderia ser explicada em grande parte por fatores genéticos.
Do ponto de vista clínico, esses achados e futuros estudos baseados neles nos auxiliam a melhorar o bem-estar físico e psicológico das pessoas.