Dizer que alguém está errado nem sempre é uma tarefa fácil, especialmente no contexto profissional, quando o “feedback” negativo deve ir além de simplesmente apontar erros.
Segundo um estudo publicado na Current Opinion in Psychology, a receptividade a críticas depende de como a mensagem é percebida.
Quando o feedback ameaça a identidade ou autoimagem do outro — como questionar valores pessoais em vez de comportamentos específicos —, tende a gerar defensividade, vergonha ou até agressividade.
Felizmente, existem maneiras de explanar falhas sem insultar, focando em comportamentos pontuais, evitando julgamentos absolutos e favorecendo um diálogo aberto e construtivo.
1. Evite rodeios e o “feedback sanduíche”
Misturar elogios falsos com críticas (“Você é ótimo, mas…”) soa desonesto e confunde a mensagem. Estudos da Management Review Quarterly mostram que essa tática raramente funciona.
Seja claro e direto, mas sem agressividade: “Precisamos ajustar X no projeto para alinhar às metas”. Clareza poupa tempo e constrói confiança.
2. Pontue aspectos específicos, não a ideia inteira
Em vez de rejeitar completamente o que foi dito, destaque pontos com os quais concorda e depois introduza sua ressalva.
Por exemplo: “Concordo que precisamos de uma solução rápida, mas talvez possamos ajustar a forma de implementação para evitar riscos”. Isso evita que a pessoa se sinta invalidada e mantém o diálogo produtivo, focando em melhorias pontuais.
3. Use mensagens em primeira pessoa (“Eu”)
Estruture suas críticas de forma neutra, focando em fatos e suas próprias percepções. Por exemplo: “Fiquei confuso com essa parte do relatório porque os dados não parecem alinhados com o que discutimos”.
Isso evita acusações diretas (“Você errou nisso” ou “Você faz tudo errado”) e transforma o feedback em uma conversa sobre soluções, não sobre falhas pessoais.
4. Deixe que a correção pareça iniciativa da pessoa
Apresente suas sugestões de forma que a pessoa sinta que chegou à conclusão por conta própria. Por exemplo: “Você já considerou incluir mais dados de mercado nessa análise? Acho que fortaleceria seu argumento”.
Isso preserva a autoestima dela e aumenta a probabilidade de adesão às mudanças, já que a decisão final parece ser dela.
5. Baseie-se em fatos, não em opiniões
Mantenha o feedback objetivo e livre de julgamentos subjetivos. Em vez de dizer “Isso está mal feito”, explique: “Os resultados não atingiram a meta de 85% estabelecida no planejamento”.
Fatos são incontestáveis e evitam que a pessoa se sinta atacada pessoalmente, direcionando a conversa para ajustes técnicos.
6. Foque no comportamento, não no caráter
Critique ações, não a essência da pessoa. Por exemplo: “A entrega deste projeto teve alguns atrasos” é melhor que “Você é desorganizado” ou “Você atrasou todo o cronograma”.
Ao separar o erro da identidade do indivíduo, você evita que ele se sinta diminuído e facilita que ele reconheça o problema sem associá-lo a uma falha pessoal.
7. Ofereça uma solução prática
Ninguém gosta de ouvir apenas o que está errado. Após apontar o problema, sugira ações concretas: “Se ajustarmos o cronograma e realocarmos recursos, podemos cumprir o prazo com mais segurança”.
Direcionar para soluções práticas transforma a crítica em uma oportunidade de crescimento, em vez de um julgamento.