Alguns livros não são apenas boas leituras: são companheiros de jornada. Eles ajudam a entender o mundo, questionar certezas, lidar com mudanças e, principalmente, a se conhecer melhor.
Antes dos 40, muita coisa acontece: viradas de carreira, amores, perdas, descobertas, reconexões. E certos livros parecem ter sido escritos justamente para nos acompanhar nesses momentos.
Nesta lista, reunimos seis obras que oferecem mais do que boas histórias.
Elas trazem provocações, conselhos e reflexões que fazem diferença para quem está vivendo (ou prestes a viver) uma das fases mais transformadoras da vida. Que tal conhecer as próximas leituras da sua vida?
6 livros para ler antes dos 40
1. A redoma de vidro, Sylvia Plath
Lançado semanas antes da trágica morte da autora, este romance é uma espécie de testamento emocional: brutal na mesma medida em que é belo.
Nele, acompanhamos Esther Greenwood, uma jovem promissora que conquista uma cobiçada vaga em uma revista em Nova York, mas se vê afundando em uma espiral de esgotamento e vazio.
A história, com forte teor autobiográfico, revela não só o sofrimento psíquico de uma mente em colapso, mas também o conflito de uma mulher inteligente diante das escolhas impostas pela sociedade dos anos 1950: ser dona de casa ou profissional? Ser livre ou se encaixar?
2. É sempre a hora da nossa morte amém, Mariana Salomão Carrara
Aurora, a protagonista septuagenária desse romance, é encontrada descalça e desmemoriada à beira de uma estrada.
A partir desse ponto, o livro mergulha num fluxo de lembranças (ou seriam alucinações?) que revelam fragmentos da vida de uma mulher marcada por perdas, culpas, afetos e silêncios.
Ao longo da história, Aurora busca uma tal Camila, que pode ser filha, amiga, invenção ou todas ao mesmo tempo.
Salomão costura episódios que transitam entre o cômico e o trágico, tocando temas como maternidade, ditadura, envelhecimento, sexualidade e o medo constante da morte.
3. O som e a fúria, William Faulkner
Clássico dos clássicos, este romance publicado em 1929 exige do leitor algo raro hoje em dia: atenção total.
Faulkner desestrutura a narrativa linear e nos apresenta quatro vozes distintas para contar a história da ruína dos Compson, uma família aristocrática do sul dos Estados Unidos.
O livro fala de decadência, fracasso, racismo, masculinidade tóxica, culpa e perda, tudo isso costurado num ritmo que beira a música. A leitura pode ser desafiadora, sim, mas também recompensadora.
Não à toa, Jean-Paul Sartre dedicou um longo ensaio para analisar a obra, e muitos estudiosos consideram “O som e a fúria” o maior feito de Faulkner.
4. Amora, Natália Borges Polesso
Em tempos de diversidade e visibilidade LGBTQIAP+, essa coletânea se propõe a mais do que representar: ela escuta.
Os contos abordam relações entre mulheres sob múltiplas lentes, do erotismo ao afeto, do luto à euforia, da descoberta à solidificação de vínculos.
Há aqui uma neta que encontra traços de si mesma nas histórias da avó; há vizinhas enigmáticas, amigas inseparáveis, casais maduros que reinventam o amor nas manhãs de domingo.
5. Primeiras estórias, João Guimarães Rosa
Quem nunca leu Guimarães Rosa talvez não saiba que há um universo inteiro por trás de cada uma de suas palavras. E em “Primeiras estórias”, esse universo se revela em contos breves, mas repletos de camadas.
Temas como infância, loucura, morte, tempo e religiosidade aparecem sempre filtrados pela linguagem inventiva do autor, que é ora lírica, ora filosófica, ora enigmática.
6. Correio noturno, Hoda Barakat
Pessoas deslocadas, vidas interrompidas, vozes sem destino. Neste romance, Hoda Barakat reúne cartas escritas por exilados: pessoas sem nome, sem pátria, sem lugar. São vozes árabes que escrevem, mas cujas palavras talvez jamais cheguem.
O que emerge dessas correspondências é um retrato comovente de perda, trauma e desamparo, mas também de humanidade.
Dividido em três partes, o livro constrói uma espiral de dor compartilhada.