A vírgula é um dos sinais de pontuação mais utilizados e, muitas vezes, mal-empregados na língua portuguesa.
Seu uso inadequado pode alterar o sentido de uma frase ou até mesmo causar ambiguidades.
Por isso, é essencial conhecer as situações em que a vírgula não deve ser utilizada. Veja abaixo cinco casos para ficar atento.
5 casos em que não se pode usar a vírgula
1. Para separar o sujeito do predicado
O sujeito e o predicado são elementos essenciais da oração, sendo que a relação entre eles é direta e imediata.
A vírgula entre eles poderia quebrar a unidade sintática da oração, dificultando a compreensão de que o sujeito realiza a ação expressa pelo verbo. Exemplos:
Correta: A professora explicou a matéria.
Errada: A professora, explicou a matéria.
Correta: Os alunos estudaram bastante.
Errada: Os alunos, estudaram bastante.
Correta: O gato dorme no sofá.
Errada: O gato, dorme no sofá.
2. Para separar o verbo de seu complemento
Os complementos verbais (objetos diretos e indiretos) completam o sentido dos verbos transitivos e estão diretamente ligados a eles.
A inserção de uma vírgula poderia separar elementos que possuem uma relação de dependência, comprometendo a clareza da ação verbal. Exemplos:
Correta: Ele leu o livro todo.
Errada: Ele leu, o livro todo.
Correta: Comemos uma pizza deliciosa.
Errada: Comemos, uma pizza deliciosa.
Correta: Ela encontrou sua amiga na festa.
Errada: Ela encontrou, sua amiga na festa.
3. Antes de uma oração subordinada adjetiva restritiva
As orações subordinadas adjetivas restritivas especificam ou restringem o sentido do antecedente e são essenciais para o entendimento completo da oração.
A vírgula antes dessas orações poderia transformá-las em explicativas, que são acessórias e não essenciais, mudando assim o sentido da frase. Exemplos:
Correta: O carro que comprei é econômico.
Errada: O carro, que comprei, é econômico.
Correta: A casa onde moro é antiga.
Errada: A casa, onde moro, é antiga.
Correta: O livro que estou lendo é interessante.
Errada: O livro, que estou lendo, é interessante.
4. Separar complemento nominal e adjunto adnominal
A vírgula não é usada para separar o complemento nominal ou o adjunto adnominal do substantivo a que se referem porque eles são elementos que se integram de forma direta e imediata ao substantivo, estabelecendo uma relação de dependência com ele.
Complemento nominal: “A destruição da floresta é um problema ambiental grave”. O complemento “da floresta” confere sentido ao substantivo “destruição” e não deve ser separado por vírgula.
Adjunto adnominal: “O livro de história é muito interessante”. O adjunto “de história” qualifica o substantivo “livro” e também não deve ser separado por vírgula.
5. Antes do ‘e’
A vírgula antes da conjunção “e” é dispensada principalmente em dois casos:
Quando “e” conclui uma enumeração:
A vírgula é omitida antes do “e” que aparece após uma série de itens ou elementos listados, pois o “e” já serve como um conector final na sequência. Veja:
Correto: Nas Olimpíadas, competem atletas de natação, ginástica, atletismo e judô.
Incorreto: Nas Olimpíadas, competem atletas de natação, ginástica, atletismo, e judô.
Quando “e” conecta duas orações com o mesmo sujeito:
Não se usa vírgula quando o “e” liga duas ações realizadas pelo mesmo sujeito, indicando continuidade ou sequência de ações. Observe:
Correto: Joana acordou cedo e preparou o café da manhã.
Incorreto: Joana acordou cedo, e preparou o café da manhã.