“Brain rot” foi escolhida como a expressão do ano pela Oxford University Press. Ela ganhou destaque por demonstrar as preocupações atuais sobre os efeitos nocivos do consumo excessivo de conteúdos digitais de baixa qualidade, especialmente nas redes sociais.
Com mais de 37 mil votos, incluindo a participação de especialistas em linguística, essa escolha reflete uma análise crítica da nossa relação com o mundo digital, incentivando um debate mais profundo sobre o uso responsável da tecnologia.
O que significa “Brain rot”?
Literalmente, “Brain rot” se traduz como “cérebro podre” ou “podridão cerebral”. É uma expressão popularmente usada para descrever o declínio percebido nas capacidades mentais ou intelectuais devido ao consumo excessivo de conteúdos superficiais e fúteis.
O termo possui raízes históricas, com seu primeiro uso registrado por Henry David Thoreau em 1854, no livro “Walden”. Thoreau questionava a tendência da sociedade de subestimar ideias profundas, comparando a podridão cerebral à podridão das batatas.
De acordo com a Oxford University Press, a expressão “Brain rot” evoluiu para ser uma forma humorística, mas autodepreciativa, de descrever o impacto do consumo digital.
É uma ironia moderna: admitir que algo está nos afetando negativamente, mas continuar a fazê-lo de qualquer maneira.
Além disso, “brain rot” está relacionado ao conceito de “doomscrolling”, o ato de navegar compulsivamente pelas redes sociais, ambos destacando os perigos do envolvimento excessivo no mundo virtual.
Outras candidatas a palavra do ano pela Oxford
Além de “Brain rot”, outras expressões foram selecionadas para concorrer a Palavra do Ano, segundo o Dicionário Oxford, incluindo:
- Demure: este adjetivo significa “modesto” ou “recatado”. Tornou-se popular depois que se tornou um meme em um vídeo viral recomendando maquiagem para o trabalho. No vídeo, falava-se de um estilo “muito recatado, muito consciente”;
- Dynamic pricing: “preços dinâmicos” refere-se à prática de mudar os preços substancialmente de acordo com as condições do momento, principalmente aumentando os preços de forma exorbitante em momentos de alta demanda. Embora não seja um conceito novo, ganhou destaque este ano quando artistas famosos forçaram seus fãs a pagar preços extremamente altos para assistir a shows;
- Lore: refere-se ao conjunto de dados, história e anedotas que rodeiam uma história, personagem, saga ou universo narrativo;
- Romantasy: é um gênero literário que possui características de romance e fantasia, e que tem aumentado muito sua popularidade nos últimos anos;
- Slop: refere-se a textos ou materiais multimídia gerados por inteligência artificial que têm baixa qualidade ou incluem informações imprecisas e são compartilhados massivamente na internet de forma intrusiva.
Palavras do Ano ao redor do mundo
A tendência de selecionar a Palavra do Ano não é exclusiva da Oxford University Press. Outros dicionários e entidades ao redor do mundo também fazem suas escolhas anuais.
Por exemplo, o dicionário americano Merriam-Webster escolheu o termo “polarization” (polarização, em português, que significa “divisão em dois ou mais lados opostos e extremos”) como a Palavra do Ano 2024, considerando o contexto da disputa eleitoral pela presidência nos Estados Unidos.
No Brasil, o Dicio (Dicionário Online de Português) elegeu “imersão” como a palavra que melhor reflete as transformações tecnológicas e suas implicações na sociedade.
Por fim, a pesquisa anual da CAUSE em parceria com o Instituto de Pesquisa IDEIA destacou “ansiedade” como a palavra do ano para os brasileiros, refletindo o estado emocional coletivo marcado por preocupações e apreensões.
