Tropicalismo

Tropicalismo ou Tropicália foi um movimento de revolução artística que despontou no final dos anos 60 ao início dos anos 70 e embora envolvesse vários segmentos do meio, teve maior ênfase nas manifestações musicais.

O movimento conhecido como tropicalista alcançou grande destaque nacional pelo fato de conseguir reunir diferentes manifestações de cunho artístico mesmo num período tão restritivo como foi o da ditadura militar, em 1964.

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O nome teve origem através de um texto crítico escrito por Nelson Motta, inspirado na obra Tropicália, de autoria do artista plástico Hélio Oiticica.

Esteve presente nas artes plásticas, cinema e teatro, mas obteve maiores holofotes no segmento musical.

Nesse período obtiveram grande destaque cantores como Gilberto Gil, Caetano Veloso, Torquato Neto e outros.

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A origem de tudo

O movimento teve suas primeiras manifestações no final dos anos 60, mais precisamente em 1967, na terceira edição do Festival da Canção da MPB, na época exibido na emissora Record.

Possuía uma característica parecida com a dos Reality shows musicais atuais, chegando a ser comparado ao American Idol, programa atual exibido em alguns canais de programação fechada.

Como se passou no período da Ditadura Militar, algumas canções possuíam alto teor político, algumas com críticas até bem disfarçadas em ironias ou mesmo tons de metaforismo em suas letras.

Entre os muitos que se destacaram nesse período, um artista que sofreu bastante crítica na época foi Caetano Veloso, principalmente quando em uma das apresentações do festival cantou “Alegria, Alegria” ao som de guitarras elétricas, o que caracterizou um enorme escândalo, já que na época o instrumento ainda caracterizava uma forte identidade aos gêneros americanos como o rock e o Blues.

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Nessa época a nossa música ainda era representada fortemente pelo violão e o som mais acústico. Forma bastante explorada, por exemplo, em estilos como a Bossa Nova. Mas segundo os próprios idealizadores do movimento, a ideia era justamente essa, a controvérsia musical.

O movimento e os olhares da crítica

Muitos críticos, tanto da época quanto atuais, ainda foram mais além em suas observações e chegam a afirmar que a música foi o centro inspirador e proliferador das demais ramificações artísticas.

Alguns críticos bastante respeitados como Zuza Homem de Melo, define o tropicalismo como sendo de aspecto único, onde figuradamente a música foi uma “ilha” cercada das outras manifestações artísticas em sua volta, tornando esse movimento tão singular para a época.

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Além das mais diversas e genuínas formas de se fazer música, o período foi marcado pela eficiência em afirmar o movimento por meio de seus mais ilustres representantes.

Além dos já citados mais acima, Tom Zé, e o conjunto Os Mutantes (banda que revelou a nossa rainha do rock, Rita Lee), também foram grandes ícones desse período. Todos com uma característica muito comum: A de misturar elementos supostamente contrários, controversos com o intuito de criar uma fórmula híbrida, misturada, mestiça, tal como é o nosso país.

Alguns simpatizantes do movimento, como o jornalista Pedro Alexandre Sanches, autor do livro Tropicalismo – Decadência bonita do Samba, afirmou que a discussão em torno da Tropicália poderia estar ligada entre as relações transitórias do antigo e o novo, o clássico e o moderno, o homem e a mulher, enfim, formas de dualidade cujo objetivo não seria outro senão criar um terceiro elemento, uma nova forma tendenciosa de se fazer música.

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Sanches teria sido ainda mais ousado ao afirmar que “O gênero impuro move as coisas, é a democracia racial aplicada à música e isso é bacana porque não somos puros no aspecto racial”.

Alguns dos principais nomes

A lista dos adeptos ao movimento tropicalista é bem extensa, mas podemos citar alguns nomes, e um pouco do que representaram:

1-    Dramaturgia – José Celso Corrêa (Zé Celso), Carmen Miranda (atriz e também cantora);

2-    Artes plásticas – Hélio Oiticica;

3-    Literatura e poesia – Jorge Mautner e Capinam;

4-    Música – Gilberto Gil, Caetano Veloso, Maestro Julio Medaglia, Gal Costa, Tom Zé, Jorge Benjor.

Algumas obras de Destaque

Zé Celso (peças teatrais) – A incubadora, Cacilda!

Jorge Mautner (literatura) – O vigarista Jorge, Narciso em Tarde Cinza;

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Músicas:

Gilberto Gil – Domingo no Parque;

Caetano Veloso – Alegria, Alegria, sem lenço sem documento;

Os Mutantes – “Panis et Circenses”, Trem fantasma.

Em relação à música especificamente como uma característica bem marcante desse período, podemos destacar além do desapego a padrões musicais já citados anteriormente, também a forte parceria entre compositores e arranjadores.

Muitos deles compunham entre si e suas parcerias rendiam belas obras tanto para seus trabalhos como o de outros.

Pode-se dizer que a Tropicália foi uma época de muitas contradições, mas não se pode negar que foi um período de linhas paralelas entre a boa arte e a abertura para novas descobertas.

Ainda que tenha sido algo de tamanho destaque, cujas influências refletem até hoje em nossa cultura contemporânea, há quem afirme ou defenda que o movimento não recebeu a devida importância ou valor.

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Mesmo que existam algumas publicações consideráveis a respeito do tema, inclusive Teses de Mestrado tentando defendê-lo, talvez a própria dificuldade em chamar o Tropicalismo de movimento, pelo fato de não possuir um caráter padronizado, fez com que fosse marginalizado frente às barreiras do elitismo musical.

No entanto, nem mesmo todo esse elitismo foi capaz de ofuscar o brilho que até hoje reflete na forma como o brasileiro encarou suas diretrizes num país tomado pela ditadura.

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