Quando você está num lugar público e sente seu nariz coçar um pouco, é normal querer segurar o espirro para não chamar atenção. Antigamente, espirrar em certas situações era considerado rude, mas os médicos recomendam deixar o espirro acontecer, em qualquer ambiente ou situação.
Espirrar é uma forma natural que o corpo tem de se livrar de coisas irritantes, como germes, poeira ou pólen. Às vezes, é apenas uma reação a partículas que o corpo não quer, e segurar o espirro é mais perigoso do que você imagina.
O que é o espirro?
O espirro é um reflexo que, ao nível fisiológico, é muito mais complexo do que parece. É desencadeado quando o cérebro recebe uma grande quantidade de sinais irritantes do nariz.
Provoca então uma inspiração profunda de ar que aumenta significativamente a pressão nas vias aéreas e uma consequente contração dos músculos do diafragma e das costelas.
Nesse momento, os olhos se fecham e a língua sobe até o palato (céu da boca), que tem como objetivo expelir a maior parte do ar pelo nariz. Ali ocorre a expiração para eliminar as substâncias que causaram a irritação.
Sem dúvida, um mecanismo evolutivo no qual normalmente não pensamos muito e que se resume naquele simples “atchim!” que todos conhecemos.
Por que você não deve prender o espirro?
Segundo a ciência, segurar o espirro nunca é uma boa ideia. Em primeiro lugar, porque durante o seu curso é gerada uma pressão nas vias aéreas 150 vezes maior do que a experimentada durante a realização de exercícios de alta intensidade. Além disso, o ar expelido pode atingir uma velocidade de 160 km/h.
Essa pressão gerada pelo espirro nas vias respiratórias pode ser entre cinco e 20 vezes maior se você fechar a boca ou apertar o nariz para suprimi-la. Além disso, como não há fuga por uma ou ambas as rotas, pode ser transmitido para outras áreas.
Principalmente, para os ouvidos, olhos e vasos sanguíneos da cabeça. Portanto, é sempre melhor ter um lenço de papel em mãos e pedir desculpas a quem está ao nosso redor do que tentar evitá-lo.
O que pode acontecer ao segurar o espirro?
Segurar um espirro pode resultar em danos físicos, como o caso de um homem no Reino Unido que teve a traqueia rompida ao fazer isso.
O paciente, que tinha histórico de crises alérgicas, ao invés de liberar o espirro, apertou o nariz com os dedos enquanto dirigia, causando uma pressão que resultou em um rasgo na traqueia, na altura do pescoço.
Acredita-se que o uso do cinto de segurança pode ter contribuído para a compressão dos órgãos respiratórios. O homem sentiu fortes dores no peito e procurou atendimento de emergência no hospital.
Exames de imagem revelaram a ruptura na traqueia, que tinha uma área de cerca de quatro milímetros quadrados. Embora as capacidades respiratória e cardíaca estivessem normais, o paciente foi mantido internado por 48 horas, recebendo medicamentos para dor e alergia como precaução, sem a necessidade de intervenção cirúrgica.
Após cinco semanas, uma nova tomografia computadorizada mostrou a cicatrização completa da lesão. Os médicos destacaram a raridade do caso, explicando que o acúmulo rápido de pressão na traqueia ao espirrar com o nariz apertado e a boca fechada ocasionou o rompimento traqueal.
Embora o paciente não tenha apresentado sequelas, foi alertado sobre os riscos de repetir a ação, já que essa pressão pode ser suficientemente intensa para gerar um Acidente Vascular Cerebral (AVC). Inclusive, há até quem tenha sofrido colapsos pulmonares com consequências fatais.
Além disso, se a pessoa tiver alguma veia ou artéria mais frágil, como um aneurisma cerebral ou malformação vascular, o ato de prender o espirro pode ser ainda mais prejudicial à saúde, podendo levar ao rompimento dos vasos.
